Pedroverso - O Encontro

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Encontro - Parte 1

Pedro 65

Com o coração acelerado, sentiu que não estava nem mais em seu mundo, não era a Terra que ele conhecia, não era os pinguins que ele via nos livros de biologia da escola. Se sentiu só, até perceber o peso dos olhos de algo nas suas costas, porém, não virou, apenas ficou ouvindo pequenas batidas de unhas desgrenhadas no chão. O problema, é que pela lonjura que estava, faziam um barulho forte demais, era algo pesado. Avistando a lareira ao lado, em que havia passado em frente na última noite, lentamente pegou um espalhador de brasa que possuía gancho na ponta, ainda de costas, já com os barulhos dos pinguins tornando-se imperceptíveis, vagarosamente ia se virando enquanto os sons de garras batendo no chão iam se afastando ao outro cômodo da casa. Pedro vira um fim de rabo, era como uma cauda de uma ave extremamente grande, estava assustado pela monstruosidade... "Essa coisa não vai nem fazer cócegas naquele bicho... Tá na hora de vazar daqui... ". Juntando suas coisas rapidamente da mochila, começa a ouvir as garras andando pelo teto... "Noice, é agora que eu posso fugir sem que me veja..." Corre silenciosamente até a cozinha, pega uma faca comprida na gaveta, e sai com a mesma coberta em cima de si, como uma criança brincando de fantasma, para ter alguma chance de se esconder e levar algum abrigo naquela região fria. Abrindo a porta, não avistou mais nenhum pinguim mutante, entretanto, ouvia ainda leves grunhidos ao longe, em direção aos animais, correndo, entrou em uma mercearia de posto de gasolina, lá haviam alimentos enlatados ainda consumíveis, várias revistas velhas e mais um monte de quinquilharias do estabelecimento. Dando uma olhadas nas revistas e livros, encontrou um guia de estradas velho e dentro um grande mapa do Chile, abrindo, após alguns minutos procurando onde estava, conseguiu localizar a cidade portuária de Chile Chico, "Merda, eu tô num canto muito merda desse país, e nem vai ser útil esse mapa, vou precisar ao menos de um da Argentina... já que estamos do lado, acho que que se eu tiver sorte..." vasculhando novamente as prateleiras, achou um mapa argentino com as principais rodovias e estradas, "Boa, garotão, agora sim, tô com sorte hoje" dando um sorriso de canto, que derrubaria qualquer garota, naquele canto esquecido por Deus, só simbolizava sua alegria genuína. "Agora, nós vamos dar a volta ao lago... AH, não precisa, que legal, tem uma rodovia aqui... e até Buenos Aires são... vejamos..." Começando a estimar a distância pelo mapa e sua escala "Certo, são aproximadamente 2100 km, um ser humano médio caminha entre 3,6 e 6,4 km/h, então se eu andar a 3,6, vou chegar em Buenos Aires em aproximadamente 40 dias se eu descansar 8h por noite com alguma folguinha, carregando um carrinho com bastante comida e reabastecendo ao longo das cidades pela rodovia... acho que é completamente fazível..." Olhando para seus calçados, pensou: "Mas antes, preciso de um novo par de tênis". Caminhando por algumas quadras ainda camuflado, achou um mercado, uma loja de calçados, uma de roupas e foi equipando-se ao longo do tempo, montou um carrinho de mercado com muita água engarrafada e comida, além de um par extra de calçados e muita coberta para o frio do clima árido. Cansado, se escondendo dentro de um carro, de qualquer criatura que pudesse o engolir ali, ouviu um barulho forte, avistou a mesma plumagem de antes, porém, a besta era visível por completo. Suas cabeças desfiguradas, algumas garras saíam das pontas das asas, quando batia de leve as asas, "Cacete, acho que isso era um condor..." Relembrando de suas aulas de espanhol, onde aprendera um pouco das outras culturas falantes de espanhol. Distraído por uma ratazana do tamanho de um doberman passou correndo, atravessando a via, rapidamente o condor o captura, levantando voo com aquela criatura em suas patas, não houve esforço algum pela parte do condor, enquanto a ratazana se debatia. Olhando assustado pela cena que vira e a demonstração de força por parte da besta com asas, esperou que sumissem de vista, e deitou aliviado no volante, notou que a chave do veículo ainda estava no contato, "Só por curiosidade..." e girou a chave, dando ignição no motor, que funcionou perfeitamente, feliz por ter funcionado, avistou no computador de bordo a data, 18 de julho de 2037. "Agora, que eu sei que definitivamente não estou numa pegadinha..." Assustado e triste, ficou com o coração apertado por imaginar como estaria sua família, Luana, Pipoca e todos que amara. Caramba, eu esperaria uma zuera dessas do Zake, mas toda essa merda parece ser o fim do mundo de verdade, falando naquele puto, onde ele está pra me fazer rir agora... Aquele curitibano ainda tá de devendo uma..." Disse rindo e chorando enquanto toda a realidade começava a ser acreditada. "Pelo menos o tanque tá cheio... Preciso pegar a comida e água". Após vasculhar todo o carro... "8.7 km/L, até que você anda bem... com esse tanque, eu consigo chegar a uns 600 km, se eu conseguir ir abastecendo, eu chego em... 3 dias... é bem rápido... BEEEEM RÁPIDO..." disse sorrindo com as lágrimas secas. Quando repentinamente foi acordado de seus pensamentos, pois gritos estridentes e patas arranhando a lataria, olhando pela janela, é surpreso com outra ratazana empoeirada batendo no vidro com suas patas e com seus dentes pontiagudos, tentando entrar no carro violentamente. Acelerando, saiu com o veículo, perdido nas ruas por notar que chamou muita atenção com o carro, diversas criaturas como o condor e o rato saíram perseguindo o veículo com admirável rapidez, quando encontrou uma placa sinalizando a rodovia e seu destino, entrou nela e seguiu caminho, mais tranquilo por ter despistado aqueles animais.

Se sentiu sortudo, pois seu carro era novo e equipado o suficiente, havia ar condicionado, conseguiu gasolina nas cidades e postos que havia pelo caminho, além de carregar um galão extra de gasolina consigo, a vista era linda e nova para ele, que nunca havia saído de São Paulo. Conseguindo finalmente chegar em 3 dias em Buenos Aires, foi surpreendido por algo que jamais iria esperar para ver, mesmo depois das bizarrices que vira em Chile Chico e em algumas espécies pequenas pelas estradas áridas, não esperava ver um mamífero de 8 metros de altura devorando que sobrara de outro animal com grande. Parado a uns bons metros de distância, preferiu não se intrometer naquela cena, com o coração acelerado, dirigiu até avistar um hipermercado, rondou por todo o local, mas ainda não havia ninguém ali. Pegando a comida que havia, montou uma cama e tentou ligar algum eletrônico, mas nenhum sinal de vida advinda daqueles aparelhos. Comeu, leu um livro de romance em espanhol que encontrara e dormirá profundamente após tomar um banho em um dos tanques da área de funcionários do mercado. "O que diabos aconteceu nesse planeta e como eu vim parar aqui?", confuso, caiu no sono de vez. Comendo mais enlatados recém cozidos numa cozinha improvisada naquele hipermercado, procurou algum mapa, dessa vez, do Brasil, nem sequer achou algum mapa ali, pegou suas coisas, e colocou no carro até encontrar um posto de combustível. Encheu o tanque, mas dessa vez o carro não funcionou, estranhando, saiu do carro e verificou a gasolina que saia do bico da bomba, tinha um aspecto vermelho de ferrugem, com uns pedaços de metal corroído, "DESGRAÇA, essa bosta tinha que ter gasolina velha... tinha... puta que pariu, eu tava com muita sorte mesmo, como eu não estranhei um carro novo e empoeirado parado estar com gasolina boa e funcionando até a bateria. Isso está muito estranho, nada faz sentido, como se o tempo estivesse distorcido, TUDO ESTÁ DISTORCIDO E NEM HÁ LÓGICA NESSA MERDA" disse chutando o pneu. Voltando cautelosamente para o Hipermercado, sem ser visto pela criatura de 8 metros, pegou uma bicicleta nova e colocou um cesto na traseira e outro na dianteira, teria que carregar muito mais coisa até São Paulo, onde não saberia como chegar quando cruzar a fronteira. Respirando fundo, montou na bicicleta e saiu zarpando do estabelecimento. "Agora sim, eu tô em desvantagem... tô longe pra cacete ainda..." "fuumm uuuuh" Parou repentinamente, reconhecia aquele som de algum lugar... se aproximou cautelosamente do cruzamento, onde, na rua perpendicular tinha vindo o som... Olhou mais atentamente, era outro animal metamorfoseado, possuía um gigantesco corpo, sua boca se abria em quarto partes, exibindo temerosos dentes, afiados como navalhas e cheios de fileiras, Pedro de recordou de uma boca de tubarão, haviam muito mais olhos que ele conseguirá contar, e na ponta de sua trompa repartida ao meio, havia uma bolota de espinhos em cada, completamente desfigurado, o único que sobrou de original no animal era seu bramir. Com medo, Pedro correu a sua bicicleta e atravessou o cruzamento mesmo assim, não queria perder mais tempo, quando ouviu passos rápidos e pesados vindo... olhando para trás, notou que a fera estava correndo atrás de si, com mais medo da velocidade que o bicho estava pegando, com o rosto e pele desconfigurados, seu único instinto era matar, mesmo que não fosse comer. Só conseguia pensar em pedalar mais e mais, com a adrenalina no sangue, não conseguia pensar direito em nenhum bom plano. Pedalando por muitas quadras, finalmente viu um estacionamento subterrâneo e adentrou. Perdendo Pedro de vista, a fera se distraiu com outro animal, que começara a fugir dela após ser abatida algumas quadras depois da fuga. Pedro viu o mapa e montou a rota em sua cabeça, com medo de ser visto novamente, não quis se pôr em perigo, pegou a rota mais breve até a fronteira, onde rezava, mesmo não sendo religioso, para conseguir chegar a salvo em sua casa.