Bataclan

Após os famosos ataques ocorridos em Paris durante o mês de novembro de 2015, muito foi comentado e refletido no Brasil. Em particular, este memorável diálogo entre dois importantes membros da comunidade moleculenta ficará para sempre marcado em nossa memória. Os nomes estarão encriptados para preservar a privacidade das pessoas envolvidas.

Uma conversa normal

• Oompa Loompa:

Acho que as escolhas em Paris para ataques (pontos "hipsters ") indicam que há participação ativa de jovens locais. Mas acho bastante plausível que as ações suicidas empreguem buchas de canhão vindos do Iraque, Síria e Iêmen. Não acho que faria sentido "queimar" informantes locais. A impressão que dá é que a civilização ocidental pós contra-cultura se infantilizou. Perdeu a noção de que seu modo de vida não está garantido e que não é possível sentar e conversar com o EI dentro de um framework liberal. O EI não reconhece a legitimidade de valores iluministas.

• Willy Wonka:

Creio que o recado foi muito bem dado. Estadio de Futebol: jogo da França x Alemanha--- Presidente present... WARNING... Prestem arenção, nós podemos... Yes We Can

BATACLAN... Casa que vem apoiando de forma aberta Israel e que já recebeu vários avisos... Entraram e 4 pessoas mataram mais que 100 ... QUEREMOS aniquilar, exterminar... Yes We Can

Será que ninguém consegue ler... Acho que não, afinal a noite de Cristal foi há muitos e muitos anos... E ninguém se lembra do que foi a entrada dos romanos e a criação da Palestina.

Assim, nós finalmente dizemos Yes We Live

• Oompa Loompa:

Eu tenho impressão que o EI e uma parcela importante dos persas e árabes muçulmanos vê os judeus como agentes do ocidente (ou dos "modernos" como o EI escreve) no meio do que eles gostariam que fosse um novo califado. Faz sentido pois Israel é a única democracia liberal da região.

• Willy Wonka:

Esta é a visão de um Ocidental. Tenho primas persas. Uma, que tem a minha idade, saiu da Persia com 19 anos. Conta que tinha uma vida maravilhosa, e ainda mantém amigas persas não judias.

O número de judeus nos países do leste era muito grande. Estou mencionando os que para lá emigraram na época do exílio babilônico. Eles não vieram da Europa, como aconteceu com os que imigraram para o leste a partir da Inquisição. Estes têm uma importante vivência com o mundo islâmico, que destruiu o seu país.

Acredito que nós ocidentais precisamos de algo mais de história, e os judeus ocidentais precisam ouvir um pouco mais os que tiveram outra ancestralidade.

Acho o seu pocicionamento válido, quando encara os judeus como um ocidental. Mas a óptica dos chamados Mizrachim, "os do leste", que aprendi a respeitar quando "realizei" que trazem milênios de vivência com culturas interessantíssimas, é diferente. Tanto eles, como os não judeus tiveram uma convivencia conflituosa com o Islã, e com a ajuda do ocidente..... A Pérsia virou Irã.

-- Fim do Diálogo --